quarta-feira, 30 de maio de 2012

A democracia da decoreba

Olá, Pessoal!
Acho pertinente a reflexão do texto abaixo neste momento de vestibulares, avaliações e provas.
Boa leitura!



A democracia da decoreba
As leis da natureza podem ser cruéis. O preço do sucesso aqui pode ser o fracasso ali. Em meados dos anos 70, peritos da Fundação Ford ajudaram a reformular o vestibular do Quênia. Tornaram as provas mais inteligentes e criativas, buscando testar aquilo que realmente correspondia a uma boa educação. Obviamente, reforçaram perguntas de raciocínio e reduziram o número daquelas que apenas testavam a memória ou refletiam aspectos culturais. É isso que cabe fazer, pois estudamos para a prova. Se a prova é boa, estudamos coisas boas. Mas eles esperavam também que as provas ficassem mais justas, dando melhores oportunidades àqueles de origem mais modesta. Surpresa! Comparadas com as anteriores, as novas provas distanciavam ainda mais os ricos dos pobres. Pouco tempo depois, orientei a tese de mestrado de uma moça que havia estudado com Piaget. Ela estava indignada com a injustiça trazida pelos testes de inteligência aplicados pela Secretaria de Educação, pois exigiam conhecimentos factuais e normas culturais, não apenas raciocínio e capacidade mental. Em contraste, os protocolos inspirados nas teorias de Piaget eram livres desses ruídos. Tomou então uma amostra de alunos e aplicou os dois procedimentos. Outra surpresa! Comparados ao  tradicional da secretaria, os protocolos de Piaget refletiam ainda mais a origem social dos alunos.
Nessa época, eu dirigia um projeto internacional de pesquisas (Programa Eciel) que incluía sete países latino-americanos. Tratávamos de aplicar testes de rendimento escolar (antepassados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos — Pisa) e descobrir que fatores se associavam a bons resultados. Além das análises convencionais, decidimos separar as perguntas de memória daquelas que demandavam manifestações mais elaboradas de raciocínio. Tabulando, veio o mesmo resultado: os pobres obtinham escores relativamente próximos dos alcançados pelos ricos nas perguntas de memória, mas a distância aumentava com relação àquelas que mediam aplicação, raciocínio e análise. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não privilegia a memória. Portanto, se substituir um vestibular muito tradicional, dará uma vantagem extra aos alunos que frequentaram as melhores escolas. No panorama brasileiro, são predominantemente alunos de origem social mais elevada A ideia de que seria uma prova que promoveria a igualdade social não passa de uma quimera. Eis o dilema. Se queremos uma educação melhor para o país, temos de sinalizar nos testes a direção do esforço esperado. Se a prova pedir raciocínio e análise, os alunos vão se esforçar para dominar essas competências. Se pedir para decorar, é isso que vão fazer. Portanto, o futuro da educação não pode abrir mão de provas que focalizem tais conhecimentos mais nobres — e não a memorização.
É verdade, para decorar fórmulas, reis da França, tabelas periódicas ou guerras púnicas, pobres e ricos estão em condições parecidas. Basta tempo para estudar e teimosia para guardar isso tudo na cabeça. Já as competências de ordem superior são muito mais difíceis de ser ensinadas. Portanto, sofrem muito mais as escolas piores, frequentadas pelos mais pobres. Em contraste, nas escolas dos alunos de família mais próspera esses assuntos são privilegiados. Por isso, eles terão maior chance de obter bons resultados. É a natureza malvada validando a chamada Lei de Mateus: "A quem tem, mais lhe será dado”. E agora? Se voltassem os vestibulares de decoreba, os pobres estariam mais bem servidos. Mas isso seria uma forma perversa de aproximá-los dos ricos, puxando para baixo o ensino de todos, já que as avaliações guiam o ensino. Não melhoraremos nossa lastimável educação sem provas que empurrem na direção certa. O que fazer: aproximar pobres e ricos ou promover conhecimentos de ordem superior? Não há como titubear. Nos testes, a prioridade tem de estar naqueles que empurrem para cima o ensino. Para atender aos imperativos de justiça social, o caminho é outro: melhorar a qualidade da educação pública nos níveis iniciais. Somente assim se pode reduzir a distância entre classes sociais, ou seja, puxando os pobres para cima. Aliás, para justificar essa política de qualidade, não seria necessário falar de vestibular.

Claudio de Moura Castro
Veja de 28 de Maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

Enem 2012


Olá, Pessoal!
Começou!
A partir das 10 horas do dia 28 de maio de 2012 até as 23:59 do dia 15 de junho, será possível efetuar inscrição diretamente no site do INEP (http://www.enem.inep.gov.br).
Para os inscritos pagantes a taxa será a mesma dos anos anteriores (R$ 35,00). No ato da inscrição será gerado um GRU simples (boleto) que deverá ser pago até o dia 20 de junho de 2012, caso contrário a inscrição não será efetivada.
Após a inscrição, o candidato ainda terá um período de 5 meses para se preparar para o Exame. A estrutura das provas continua a mesma: 4 provas objetivas contendo, cada uma, 45 questões de múltipla escolha, e uma redação que serão realizadas em 2 dias (3 e 4 de novembro).
Na tabela abaixo você encontrará mais informações sobre as avaliações:


Data do exame
Duração do exame
Área do conhecimento
Componentes curriculares
03 de novembro (sábado)
4 horas e 30 minutos
Ciências Humanas e suas Tecnologias
História, Geografia, Filosofia e Sociologia.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Química, Física e Biologia.
04 de novembro (domingo)
5 horas e 30 minutos
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação
Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação.
Matemática e suas Tecnologias
Matemática


A mudança este ano fica por conta da correção da redação, a redação será corrigida por dois especialistas, de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. Cada corretor atribuirá uma nota entre 0 (zero) e 200 (duzentos) pontos para cada umas das cinco competências totalizando 1000 (mil pontos) – para maiores informações sobre estas competências, acesse: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.pdf. A nota final corresponde à média aritmética simples das notas atribuídas pelos dois corretores. Caso ocorra uma diferença de 200 pontos ou mais entre as duas notas totais (numa escala de 0 a 1000) ou se a diferença de suas notas em qualquer uma das competências for superior a oitenta (80) pontos (numas escala de 0 a 200), a redação passará por uma terceira correção. A nota atribuída pelo terceiro corretor substitui a nota dos demais corretores. Caso o terceiro corretor apresente discrepância com os outros dois corretores, haverá novo recurso de ofício e a redação será corrigida por uma banca composta por três corretores que atribuirá a nota final do participante.
A finalidade primordial do Enem é a avaliação do desempenho escolar e acadêmico ao fim do ensino médio. Mas essa não é a sua única função, o Enem também tem sido usado como mecanismo de acesso e permanência às Faculdades (Sisu, Prouni e Fies).

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Melhores redações - Fuvest

Olá, Pessoal!
Na semana passada a Fuvest divulgou as melhores redações de 2012.
Você pode acessá-las no site da instituição (http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/bestred.html).
Mas o que chamou a atenção, foi que umas destas redações continha letras grifadas que formavam uma mensagem contra o reitor João Grandino Rodas e a Polícia Militar no campus. Lógico que quando a Fuvest tomou conhecimento da mensagem a redação foi retirada do site para evitar incentivar este tipo de brincadeira. Apesar do protesto, o nível do texto é bom e o aluno foi aprovado no vestibular de 2012.
Ficou curioso? Procure-me.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Como consultar as notas das faculdades pelo MEC?


Oi, Pessoal!

Muitos alunos já escolheram os cursos pretendidos e iniciaram a busca pela instituição de ensino. Porém, surge a questão: como avaliar estas instituições? Para esta avaliação são necessárias diversas variáveis para a tomada da decisão como, por exemplo, infraestrutura, grade curricular, resultado do ENADE, etc.
Para consultar o MEC para verificar se a faculdade pretendida possui boa qualidade ou se é reprovada no ENADE, siga o passo a passo abaixo:

1. Em http://emec.mec.gov.br, escolha "consulta textual", escreva o nome da instituição e clique no botão "consultar".
2. Na parte inferior da página, aparecerá o nome da faculdade e um número de IGC, que vai de 1 a 5. Esse número mostra a média de todos os cursos da instituição: se for 1 ou 2, o curso é ruim.
3. Ao clicar no nome da instituição, você irá para uma nova página. Vá para "relação de cursos" e escolha um deles na lista. Dois indicadores irão aparecer na tela: o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que mede o quanto os alunos aprenderam, e o CPC (Conceito Parcial do Curso) que também considera a infraestrutura e a formação dos professores. As duas notas vão de 1 (pior) a 5 (melhor).
Mas lembrem-se, frequentar uma universidade renomada não é garantia de uma carreira de sucesso. Dedicação, talento e busca pelo conhecimento são fatores que geralmente estão agregados ao êxito, seja na vida profissional ou na pessoal.